Dois Potes


Todos os dias um agricultor saía com dois pesados potes para ir buscar água a um oásis vizinho. Levava os dois potes pendurados nas pontas de uma vara que carregava apoiada no ombro. Um dos potes era perfeito e chegava sempre cheio de água. Já o outro estava rachado e chegava ao destino apenas com metade. Foi assim diariamente durante dois anos: o agricultor chegava sempre ao fim da jornada com apenas um pote e meio de água.
O pote perfeito estava orgulhoso com as suas realizações, enquanto o pote rachado sentia vergonha da sua imperfeição: realizava apenas metade do que estava destinado a fazer. Na sua amargura, desejava ver chegar o dia em que um golpe qualquer o reduzisse a cacos, colocando um ponto final na sua frustrada existência. Talvez entendendo o sentimento do pote, o agricultor pediu-lhe que prestasse atenção ao caminho percorrido todos os dias. Na sua invisível tristeza jamais olhava para os lados. Concentrava-se apenas na fresta que deixava fugir a água.
E nesse dia, pela primeira vez, prestou atenção ao caminho. Uma das margens da estrada, exactamente a que ficava do lado do pote rachado, transformara-se em jardim. Com a água que caía todos os dias, as terras secas foram-se tornando férteis e o vento foi trazendo sementes de terras distantes.
No início foram pequenas flores selvagens; depois chegaram outras sementes que produziram flores, perfumadas e coloridas, atraindo borboletas, insectos e até pequenas aves. Já o outro lado do trilho, por onde passava o pote perfeito, continuava árido e estéril.
Os dois potes representam duas maneiras de viver: uns colocam a sua preocupação em si mesmos e exibem a sua perfeição. Mas trata-se de uma perfeição egoísta e fria. Outros, quem sabe mais limitados, passam a vida a semear a bondade que torna a paisagem florida.

Comenta: É bom ser importante, mas importante mesmo é ser bom!
Como superar as próprias limitações?

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