O BOM ODOR DE CRISTO

Conto:

Eram duas roseiras, cada qual a mais bonita. Cresciam juntas, alimentavam-se da mesma terra, do mesmo ar, do mesmo sol. Davam as flores mais belas do jardim.
O sonho de ambas era irradiar beleza, perfume, tornar alguém feliz.
Falavam entre si dos seus desejos.
Um dia, uma das roseiras ficou calada por muito tempo e com um ar de quem estava triste. A outra perguntou-lhe:
- Que se passa contigo, que hoje nem pareces a mesma?
A roseira respondeu:
- Estou muito preocupada porque, desejando tanto dar o que tenho de melhor aos outros, à minha volta sobrevoa um abelhardo, que só fabrica veneno; aos meus pés rasteja a cobra que só mete medo às pessoas. Não quero viver mais neste jardim. Vou murchar e deixar de existir...
A outra roseira disse-lhe:
- Não sejas tonta. Deixa que os maus façam o mal. Nós não podemos deixar de oferecer cor, perfume, alegria aos que se aproximam de nós. Temos de conseguir que o bem seja mais forte que o mal, na certeza que o bem terá a ultima palavra.

Vemos à nossa volta o mal, que se concretiza sobretudo num grande egoísmo.
As pessoas interessam-se apenas com o seu sucesso, o seu poder, o seu dinheiro. É o veneno do egoísmo.
Somos convidados neste dia, a ser como as roseiras: irradiar o bom odor de Cristo. Este «bom odor» concretiza-se numa vida de solidariedade, de ajuda mútua, de compromisso...

Pedrosa Ferreira
Bons dias
Ed. Salesianas

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

A Fonte dos Pardais


Era uma vez uma fonte à beira da estrada. Os pardais das árvores vizinhas tinham ali o seu ponto de encontro.
Matavam a sede, tomavam banho, chilreavam uns com os outros.
De semana a semana, vinha um homem, sempre de automóvel, buscar água à fonte. Enchia uma quantidade de garrafões de plástico e, depois, abalava.
Nessas alturas, a pardalada fugia para o poiso das árvores e ficava a observar.
— O que é que ele vai fazer com tanta água? — intrigava-se um pardalito novo.
— Deve ir regar as couves — sugeria um pardal.
— Para regar as couves é pouca — replicava uma velha pardoca, muito conhecedora da vida.
— Então é para ele beber — propunha outro pardal.
— Para ele beber é muita — replicava a velha pardoca.
— Para o que será? — perguntava o pardalito, sem que ninguém soubesse responder-
-lhe.
Decidiu investigar. Voou atrás do automóvel, mas como ainda tinha as asas com pouca força e a estrada era às curvas e contra-curvas, perdeu-lhe o rasto. E perdeu-se.
Esvoaçou ao calhas, até descer sobre um telheiro, junto à estrada. No telheiro havia melões à venda e cebolas e batatas e garrafões de vinho. Alto lá! E também havia garrafões de água, tal e qual os que o homem do automóvel enchia, na fonte dos pardais.
Se o pardal soubesse ler, leria no rótulo dos garrafões:
“ÁGUA DA FONTE DA SAÚDE – Graças a ela, os novos crescem e os velhos não encolhem”.
Aos saltinhos, diante dos garrafões, o pardalito admirava a fotografia do rótulo. Lá estava a fonte, centro da sua vida, e uns passarinhos a beber água no rebordo do tanque. Vendo bem, aquele mais pequeno, à direita, podia ser ele, o pardalito aventureiro.
Muito orgulhoso da sua descoberta, o pardal voou muito alto, tão alto que, lá de cima, viu o telheiro dos garrafões, a estrada às curvas e a fonte da Saúde ou dos pardais, donde ele viera.
Disparou em direcção ao ponto de partida e muito excitado piou para os companheiros:
— Já sei o segredo dos garrafões. O homem anda a vender o nosso retrato mais o retrato da nossa fonte.
— E a água para que serve? — perguntou um companheiro.
— Para segurar o nosso retrato — respondeu, prontamente, o pardalito.

António Torrado

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Uma mulher e a nossa afectividade

O evangelho de hoje, a mulher pecadora (Lc 7,36-50), «fala» da nossa afectividade por meio de uma mulher. Sempre que nós pensamos construir a nossa vida a partir do racional, achando que podemos manter a nossa afectividade «do lado de fora» (quem sabe trancada num armário), ela «entra», mesmo sem ter sido convidada e começa a espalhar o seu perfume, a fazer sentir a sua presença. É a forma que a nossa afectividade encontra para nos dizer que não podemos ignorá-la. Mas o choro desta mulher, conhecida como «pecadora», indica que a nossa afectividade está magoada. A palavra «pecado» significa «errar o alvo». O alvo da nossa afectividade é o desejo de amar e ser amado que todo ser humano traz dentro de si. Mas nessa experiência de amar e ser amado todos nós já magoamos alguém ou fomos magoados por alguém. Todos nós já cometemos erros em lidar com a nossa afectividade. A agravante é que o mundo nos convida a reduzir os nossos afectos a sensações momentâneas de prazer: o importante é ter sensações, experimentar emoções intensas agora, não importando com quem e de que maneira. Depois que essas sensações e emoções passam – e elas sempre passam – sentimo-nos vazios, ao invés de nos sentir como quem amou de verdade e foi amado de verdade por alguém.
O fariseu, no silêncio do seu coração, criticou Jesus por se deixar tocar por uma «pecadora». Por sua vez, Jesus questiona o fato de o fariseu tentar se comportar na frente dele como se não tivesse afectividade: sem água para lavar os pés, sem o beijo da saudação, sem o perfume na cabeça. Quem de nós reza a Deus a partir da sua afectividade e da sua sexualidade, e não apenas a partir da sua cabeça, das suas ideias e dos seus pensamentos, os quais normalmente censuram o que os nossos afectos querem dizer a Deus na oração?
O evangelho de hoje convida a nossa afectividade a se aproximar de Jesus, aquele que viveu a sua afectividade amando a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças, para amar com o coração de Deus cada pessoa. Que Deus te conceda a graça de um diálogo sincero, maduro, reconciliador e redentor com os teus afectos.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Alegrai-vos Comigo


«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida.»

Sinto que o meu Jesus Se vai aproximando cada vez mais de mim. Permitiu que, nestes dias, eu caísse ao mar, me afundasse na consideração das minhas misérias, da minha soberba, para me fazer compreender mais a imperiosa necessidade que tenho Dele. Quando estava prestes a afundar-me, Jesus, caminhando sobre as águas, veio sorridente ao meu encontro para me salvar. Eu queria dizer-Lhe, como Pedro: «Afasta-Te de mim, que sou um homem pecador» (Lc 5, 8); mas a ternura do Seu coração, a suavidade do Seu tom de voz, advertiu-me: «Não tenhas medo» (Lc 5, 10).

Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), papa
Diário da Alma, 1901-1903

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Anjo de Portugal


"A pedido do rei Dom Manuel e dos bispos portugueses, o Papa Leão X instituiu em 1504 a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já era antigo em Portugal.
Oficializada a celebração tradicional, Dom Manuel expediu alvarás às Câmaras Municipais a determinar que essas festas em honra do nosso Anjo da Guarda fossem celebradas com a maior solenidade. Na festa do Anjo de Portugal deveriam participar as autoridades e instituições das cidades e vilas além de todo o povo.
Esta celebração manteve o seu esplendor durante os séculos XVI, XVII e XVIII em que Portugal também manteve o seu esplendor e decaiu no século XIX em que Portugal também decaiu.
Por determinação das Ordenações Manuelinas a festa do Anjo de Portugal era equiparada à festa do Corpo de Deus, já então a maior festa religiosa de Portugal, em que toda a nação afirma a sua Fé na presença real de Cristo na eucaristia.
De acordo com o testemunho dos Pastorinhos de Fátima, em 1915 e 1916 o Anjo de Portugal apareceu por diversas vezes a anunciar as aparições de Nossa Senhora nesta sua Terra de Santa Maria e deu aos Pastorinhos a comunhão com o «preciosíssimo corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo» como ele próprio declarou.
O culto do Anjo de Portugal teve o seu maior brilho nas cidades de Braga, Coimbra e Évora, e manteve-se na diocese de Braga onde se celebrava a 9 de Julho.
No tempo de Pio XII a festa do Anjo de Portugal foi restaurada para todo o País e transladada para o dia 10 de Junho a fim de que o Dia de Portugal fosse também o Dia do Anjo de Portugal.
Da generalizada devoção ao Anjo de Portugal dão fé muitas representações, sendo especialmente notáveis as imagens do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e da charola do convento de Cristo, em Tomar, a pintura da Misericórdia de Évora e a iluminura do «Livro de Horas de Dom Manuel».
O Anjo de Portugal é, até hoje, o único Anjo da Guarda de um país com culto público oficializado e foi o único Anjo da Guarda de uma nação que apareceu aos homens."

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

A Lição da Paciência


Um mandarim que se preparava para desempenhar um importante cargo oficial recebeu a visita de um amigo que lhe foi apresentar as despedidas.
Abraçaram-se e o amigo recomendou-lhe:
— Acima de tudo, no desempenho das tuas importantes funções, nunca percas a paciência.
Prometeu o mandarim que nunca esqueceria este precioso conselho.
Três vezes repetiu o amigo a mesma recomendação, provocando o enfado do mandarim. Quando se preparava para o fazer pela quarta vez, o mandarim exaltou-se e gritou:
— Basta, eu não sou surdo e muito menos sou um imbecil!
Então o amigo, acalmando-o com a mão posta sobre o seu ombro, fez este comentário:
— Podes assim ver como é importante ser paciente. Três vezes ouviste o meu conselho, já não conseguindo dissimular o enfado. À quarta vez não conseguiste controlar a fúria. O que acontecerá quando, no desempenho do teu cargo, tiveres de ser verdadeiramente paciente?
O amigo baixou os olhos para o chão e limitou-se a suspirar.

J. J. Letria
Contos da China antiga
Porto, Ambar, 2002

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Celebra, Multiplica e Partilha


Como o amor de Deus que está atento a todas as necessidades dos homens, “não só ao flagelo da fome, mas também aos anseios mais profundos”, também a “ missão da Igreja” é “celebrar, multiplicar e partilhar o pão da Palavra, da Eucaristia, da solidariedade, da consolação, da verdade e da justiça”,
“A Eucaristia tem sempre um carácter e compromisso social, porque é exigência de comunhão com os outros. E a Igreja, porque vive da Eucaristia, é chamada a saciar as novas fomes e sedes da Humanidade, oferecendo o pão da amizade, da alegria, do perdão, da ternura, do sorriso amigo, da esperança e do serviço gratuito, enfim, a reinventar a solidariedade e a fraternidade”,

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Mais um encontro...

No passado domingo três jovens passaram pela casa das Filhas de S. Paulo em Lisboa para viverem um fim de semana de Retiro, isto é, um encontro consigo mesma e com Jesus.

Cada uma delas sentiu o apelo a se libertar de algumas algemas que ao longo dos seus anos de vida (e são poucos) se foram colocando para se proteger das experiências de sua vida, ou para resguardar a sua própria imagem.
Mas pergunto: Porque é que tu ainda queres proteger a tua própria imagem? Que valor dás aos comentários que os outros fazem a teu respeito?
Ontem uma pessoa na TV, no programa 30 minutos, comentou:
«Se alguém comentar alguma coisa acerca de mim, ainda bem, isto significa que tenho algo que deva ser dito»...
Que este comentário seja um impulso para te arriscares na abertura para os outros!!!

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS