Olhai...


"«Se Deus assim veste a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é lançada ao forno,
não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos inquieteis, dizendo:
‘Que havemos de comer? Que havemos de beber?
Que havemos de vestir?’
Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas.
Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso.
Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça,
e tudo o mais vos será dado por acréscimo.
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,
porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações.
A cada dia basta o seu cuidado»."

Viver na dinâmica do reino é viver comprometido em cada dia para que o sonho de Deus se realize, mas não se deixar vencer pela inquietação e pela agitação, na certeza de que Deus está connosco e não nos abandona nunca!!!
Uma boa semana para todas, sempre nesta certeza!!!

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

A história da Vaca Glória


Já em criança a vaca Glória era mais gorda do que as outras vacas. E isto foi-se acentuando à medida que crescia. Os lábios eram carnudos, o nariz largo, a cabeça tão grande como uma abóbora (por acaso era até maior) e, ainda por cima, tinha umas pernas fortes, uma barriga gorda, pêlos grossos e duros e os pés pesados.
Como não havia roupas à venda para o seu tamanho, tinha de ser ela mesma a fazê-las à mão. Fazia-as sem gosto nem grande jeito, e por isso, dentro daqueles vestidos, parecia ainda mais possante do que realmente era.
Tinha um andar atabalhoado e, quando falava, a voz era semelhante à de alguém a gritar para dentro de uma cisterna.
Glória não era modesta nem pensava tornar-se uma boa vaca leiteira como todas as vacas da sua idade. Não! Era ambiciosa e ansiava por qualquer coisa de grandioso!
Um engraçadinho qualquer, creio que a raposa, dissera-lhe que com uma voz tão bonita, devia estudar canto. Como tinha um pai rico que pagava tudo, teve aulas de música e, em seguida, deu ainda um concerto.
Todas as vacas vieram ouvir Glória cantar. Começou com A violeta na orla do caminho e esta foi também a última canção que cantou. É que, se quando falava a voz parecia que saía de uma cisterna, ao cantar, soava como dois elefantes a trombetear num regador em simultâneo com uma serra a cortar metal. A assistência tapava os ouvidos, assobiava, gritava e batia com os pés para não ter de ouvir aquela voz
horrível, ou então corria em debandada pelo prado onde o concerto estava a decorrer.
Glória parou e começou a chorar.
As vacas pensaram: “É agora que ela se vai tornar uma boa vaca-leiteira!”
Mas não! Teve aulas de dança e ainda quis tentar a sorte como bailarina!
Quando se apresentou pela primeira vez, vieram ainda mais vacas vê-la dançar do que quando cantou.
Glória apareceu no palco com uma saia tão grande que dava à vontade para fazer sete toalhas de mesa. Logo ao primeiro passo, tropeçou e caiu. As vacas na assistência riram-se, mas Glória não se deixou intimidar e deu um salto. Com o peso, as tábuas do palco partiram e ela caiu, ficando presa até à altura dos braços. Os espectadores riram-se, mas cinco fortes bois subiram ao palco e ajudaram-na a sair do buraco, onde ainda continuava a dançar. Novamente em cima do palco, Glória começou a dançar perigosamente perto da boca de cena. Desequilibrou-se e caiu, aterrando exactamente em cima dos músicos que estavam a tocar no fosso da orquestra.
Quando voltou a erguer-se, com dificuldade, o contra-baixo estava partido, a trompete completamente espalmada, o tambor rebentado, o acordeão rasgado em dois e o maestro, com o susto, tinha engolido a batuta. Bem se pode imaginar as gargalhadas da assistência quando a bailarina desapareceu por detrás das cortinas.
Em consequência disto, Glória, muito envergonhada, emigrou para o país dos hipopótamos. Aí dançou para os pesados e grosseiros animais, e cantou ainda algumas das suas canções.
No dia seguinte lia-se no jornal:
A artista Glória, uma figurinha delicada e frágil, deu ontem um concerto onde também dançou. Nunca tinha sido possível no nosso país admirar uma voz tão clara e cristalina; nunca se tinha ouvido um canto tão belo. Dançou, melhor dizendo, flutuou com tal graciosidade que todas as nossas meninas-hipopótamos ficaram encantadas pela sua leveza. Esperemos que a artista Glória dance e cante mais vezes aqui entre nós, no país dos hipopótamos.

Paul Maar Reinhard Michael (org)
Wo Fuchs und Hase sich Gute Nacht sagen Hochstadt,
Gerstenberg Verlag, 2002

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

A Senhora me falou


Um dia em que fui à margem do Gave apanhar lenha com outras duas meninas, ouvi um rumor. Voltei-me para o lado do prado e reparei que não havia a menor agitação no arvoredo. Então levantei a cabeça e olhei para a gruta. Vi uma Senhora vestida de branco: tinha um vestido branco e uma faixa azul à cintura e uma rosa amarela em cada pé, da cor do rosário que trazia.
Ao ver isto, esfreguei os olhos, julgando que me enganava. Meti a mão na algibeira e encontrei o meu rosário. Quis também fazer o sinal da cruz, mas não consegui levar a mão à testa. Quando, porém , aquela Senhora fez o sinal da cruz, tentei fazê-lo também; a mão tremia, mas consegui. Comecei então a rezar o rosário: a Senhora ia passando as contas do seu rosário, mas não movia os lábios. Quando acabei o rosário, a visão desvaneceu-se.
Perguntei às outras duas pequenas se tinham visto alguma coisa, e elas responderam-me que não. Queriam que lhes dissesse o que era, e eu então disse-lhes que tinha visto uma Senhora de branco, mas não sabia quem era, e pedi-lhes que não falassem disso a ninguém. Então elas aconselharam-me a não voltar mais àquele lugar; mas eu disse-lhes que não. Ali voltei no Domingo pela segunda vez, porque me senti interiormente chamada...
Só à terceira vez a Senhora me falou. Perguntou-me se queria ir ali durante quinze dias, e eu disse-lhe que sim. Mandou-me dizer aos sacerdotes que fizessem ali uma capela, e depois mandou-me ir beber água à fonte, eu fui beber ao Gave. Ela disse-me que não era ali e indicou-me o lugar onde estava a fonte. Dirigi-me para lá , mas só vi um pouco de água suja; quis encher a mão para beber, mas não consegui nada. Comecei a escavar, e daí a pouco já podia tirar um pouco de água. Deitei fora por três vezes, mas à quarta já pude beber. Em seguida a visão desvaneceu-se e eu fui-me embora.
Durante quinze dias voltei lá, e a Senhora apareceu-me todos os dias ... .
Finalmente, erguendo os braços e levantando os olhos ao céu, disse-me que era a Imaculada Conceição.

In Liturgia das Horas

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Dois Potes


Todos os dias um agricultor saía com dois pesados potes para ir buscar água a um oásis vizinho. Levava os dois potes pendurados nas pontas de uma vara que carregava apoiada no ombro. Um dos potes era perfeito e chegava sempre cheio de água. Já o outro estava rachado e chegava ao destino apenas com metade. Foi assim diariamente durante dois anos: o agricultor chegava sempre ao fim da jornada com apenas um pote e meio de água.
O pote perfeito estava orgulhoso com as suas realizações, enquanto o pote rachado sentia vergonha da sua imperfeição: realizava apenas metade do que estava destinado a fazer. Na sua amargura, desejava ver chegar o dia em que um golpe qualquer o reduzisse a cacos, colocando um ponto final na sua frustrada existência. Talvez entendendo o sentimento do pote, o agricultor pediu-lhe que prestasse atenção ao caminho percorrido todos os dias. Na sua invisível tristeza jamais olhava para os lados. Concentrava-se apenas na fresta que deixava fugir a água.
E nesse dia, pela primeira vez, prestou atenção ao caminho. Uma das margens da estrada, exactamente a que ficava do lado do pote rachado, transformara-se em jardim. Com a água que caía todos os dias, as terras secas foram-se tornando férteis e o vento foi trazendo sementes de terras distantes.
No início foram pequenas flores selvagens; depois chegaram outras sementes que produziram flores, perfumadas e coloridas, atraindo borboletas, insectos e até pequenas aves. Já o outro lado do trilho, por onde passava o pote perfeito, continuava árido e estéril.
Os dois potes representam duas maneiras de viver: uns colocam a sua preocupação em si mesmos e exibem a sua perfeição. Mas trata-se de uma perfeição egoísta e fria. Outros, quem sabe mais limitados, passam a vida a semear a bondade que torna a paisagem florida.

Comenta: É bom ser importante, mas importante mesmo é ser bom!
Como superar as próprias limitações?

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS