Torna-te aquilo que és


"Merton escreveu: «cada um de nós vive na sombra de uma pessoa ilusória: o falso eu.» Com esta reflexão típica, Merton identifica o falso eu com a pessoa que nós desejamos apresentar ao mundo, com a pessoa à volta da qual queremos que o mundo gire: assim, eu gasto a minha vida no desejo de prazeres e na sede de experiências, de poder, de honra, de conhecimento e de amor, de revestir este falso eu e de transformar o seu nada numa coisa objectivamente real. Além disso, vou multiplicando as experiências à minha volta, e cobrindo-me de prazeres e de glória, quais ligaduras, para me tornar perceptível aos meus próprios olhos e aos olhos do mundo, como se eu fosse um corpo invisível que só se pode tornar visível se algo visível cobrir a sua superfície. Esta noção de estar revestido com as ligaduras do falso eu, como o Homem Invisível enrolado em longas tiras de pano, como uma múmia, tocou uma corda profunda dentro de mim. O que eu apresentara durante tanto tempo aos outros – a pessoa interessada em trepar a escada empresarial, em ser sempre inteligente e vanguardista, em saber pedir os melhores vinhos, em comparecer às festas mais divertidas, em ser membro dos clubes mais na moda, em nunca duvidar do meu lugar no mundo, em suma, em ser sempre fixe -, era uma pessoa irreal. Essa pessoa não passava de uma máscara que eu usava. E eu sabia-o."

James Martin, In, Torna-te aquilo que és, Paulinas Editora.

E Tu? Que máscaras usas? Porque não te atreves a ser aquilo que és?

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 Presenças: