A rigidez cai muito bem numa pedra, não numa pessoa!

Nas últimas décadas, o nosso mundo passou por mudanças muito profundas que afectaram a nossa maneira de ser. De uma época marcada pela rigidez das leis, dos sistemas políticos e dos costumes, passamos para uma outra época, marcada pela diluição de tudo o que é rígido; do hard (duro) passamos para o soft (macio). De facto, há um pensamento que diz: “A rigidez cai muito bem numa pedra, não numa pessoa”. Então, nada de rigidez, nada de posturas radicais, nada de exigência, nada de «isto ou aquilo»...
É verdade que «a rigidez cai muito bem numa pedra, não numa pessoa”, mas também é verdade que nós nos tornamos pessoas incapazes de firmeza, e a falta de firmeza tem feito de nós pessoas medíocres, volúveis, sem consistência, sem raízes, soltas como folhas secas levadas pelo vento das circunstâncias. Por não termos firmeza connosco mesmos, vivemos fazendo uma série de concessões que nos afastam dos nossos ideais e que tornam cada vez mais frágil a nossa fidelidade.
O evangelho de hoje abre dizendo que «grandes multidões acompanhavam Jesus» (Lc 14,25), grandes multidões que, aos nossos olhos, podem parecer uma massa compacta e firme de discípulos, mas que, aos olhos de Deus, é composta de pessoas frágeis, volúveis, inconsistentes, que um dia deixarão Jesus falando sozinho, alegando: “Essa palavra é muito dura. Quem pode escutá-la?” (Jo 6,60). Está aí um bom questionamento para o início do mês. Muitos gostam de ouvir a Palavra de Deus, mas a ouvem até ao ponto em que lhes interessa ou até ao ponto em que essa Palavra não questiona os seus interesses pessoais. Muitos continuam a ouvir a Palavra, mas desenvolveram dentro de si um sistema de filtragem: absorvem as bênçãos e anulam as exigências; ouvem os apelos de Deus dentro das igrejas, mas são surdas ao seu clamor.
A firmeza de Jesus consiste em nos fazer passar do simples “acompanhar” para o “ser meu discípulo”. Ser discípulo significa unificar a nossa vida em torno de Jesus, tendo com Ele uma intimidade maior do que temos com qualquer outra pessoa e aceitando o facto de que, assim como a cruz não foi um acontecimento acidental na vida de Jesus, mas consequência do seu modo de viver, e da sua fidelidade ao Pai, assim ela faz parte da nossa vida e devemos carregá-la com firmeza, caminhando atrás de Jesus e deixando que Ele nos indique o caminho.
Tem uma boa semana, alicerçada na Palavra de Deus!

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